Ontem a indignação tomou conta dos aplicativos de mensagens (whats app) e das redes sociais (Facebook e Instagram) até quando elas pararam de funcionar já pela manhã. Até nisso, os políticos daqui tem sorte.
É que se descobriu que o presidente da Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB, propôs um “Vale Marmita” e que ele está chamando oficialmente – porque é assim que se rotula na legislação – de Vale Alimentação para os vereadores de Gaspar.
E essa gente que apoia o governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, que é quem vai sancionar e tornar o projeto – quando ele passar na Câmara – numa Lei, não tem medo de desgastes, nem mesmo às vésperas de mais uma nova eleição. São mais R$450,00 por mês, para cada vereador, em dinheiro, para quem vai apenas uma sessão presencial por semana.
E esta verba se soma a outras de caráter indenizatórias, como por exemplo as diárias, quando houver, e que por aqui virou moda entre quase todos os vereadores. Este Vale Marmita começa a valer no dia dois de janeiro do ano que vem. Este é apenas o começo e um teste. Estuda-se aumento real para os próximos vereadores, prefeito, vice e secretários
O trabalhador comum, o que sustenta todos os políticos, a máquina pública e suas mordomias, quando possui emprego, para merecer um Vale Alimentação de verdade, precisa comparecer todos os dias no trabalho e cumprir religiosamente uma carga de horas mínima, ao tempo em que esta alimentação é servida, ou deveria estar disponível para ele. Vereador tem uma sessão por semana, de no máximo duas horas e no início da noite. Deviam estar devidamente “merendados”.
Assinam ainda esse Projeto de Lei do Vale Marmita, por pertencerem à mesa diretora, a vice-presidente Franciele Daiane Back, PSDB, o primeiro secretário Amauri Bornhausen, PDT, e o segundo secretário Cleverson Ferreira dos Santos, PP. Tem gente fingindo que não concorda. Mas, isso só se saberá na hora do voto.
Fatores que espantam nesta trama. Primeiro foi este PL surgir em pleno recrudescimento da economia, do achatamento de salários, da perda de direitos e do aumento desemprego formal, aquele que dá o Vale Alimentação.
Segundo, foi aparecer aparecer no dia 24 de setembro, passar como um foguete invisível pelas comissões, não ser discutido com a sociedade e já estar na pauta desta noite, dia cinco de outubro. Impressionante! Esses políticos nem disfarçam quando trabalham em causa própria. Não há nada de ilegal, mas, certamente, imoral diante do contexto em que surgiu e das circunstâncias em que estão submetidos à maioria dos eleitores eleitoras.
Votos para aprovar, Anhaia jura que os têm e que isso foi conversado entre os vereadores. Ele apenas está fulo da vida é como essa notícia “vazou” e à razão pela qual parte da população está indignada e não está entendendo, segundo reclamou no seu entorno, que os vereadores precisam de dinheiro para comer e alimentados com este Vale Marmita participarem de quatro ou cinco sessões ordinárias deliberativas para o bem da cidade.
Olha só a desculpa de amarelo que está nas “justificativas” do Projeto de Lei 83/2021:
A regulamentação da verba de caráter indenizatório tem o condão de ressarcir os edis das despesas com a sua alimentação decorrentes do exercício das funções correlatas aos seus mandatos, a fim de oportunizar aos vereadores condições de desempenhar suas funções com a maior dedicação possível, visando, finalmente, possibilitar a maior disponibilidade possível dos edis ao enfrentamento das demandas da população gasparense.
Meu Deus! Quer mais?
Consigna-se que a indenização é percebida, por exemplo, por Membros do Poder Judiciário, do Ministério Público e das Cortes de Contas.
Ou seja e concluindo: quanto mais os brasileiros conscientes se indignam contra os desperdícios, privilégios, parolagens e brechas corporativas criadas para aumentar os ganhos dos políticos, em Gaspar os nossos usam exatamente aquilo que se questiona para se tornar igual.
Realmente, a base do governo Kleber avança, como diz as peças da marquetagem oficial. Acorda, Gaspar!
Atualização das 14h25min. EU ERREI e peço desculpas aos leitores e leitoras, razão da minha intensa audiência.
O analista da Câmara de Gaspar, Pedro Paulo Schramm, acaba de me alertar – está público a sua observação – que esta matéria legislativa NÃO SERÁ VOTADA HOJE, mas sim, está dando ENTRADA HOJE na Câmara, com o respectivo sorteio do relator geral. Obrigado!
O meu erro no tempo, não invalida nenhuma parte do conteúdo do comentário. Ele ganhou a cidade, teve grande repercussão e deixou incomodados à maioria senhores e senhoras vereadores que não querem o benefício, mas não o desgaste público para obtê-lo sob debate.
Por fim, é também de se perguntar: qual é mesmo a função do assessor de imprensa da Câmara, uma indicação política, que depois de mais de 21h da publicação deste artigo com um dado incorreto, choramingou as pitangas para a cidade inteira, mas não conseguiu usar a ferramenta do blog e fazer o seu trabalho em favor dos seus patrões? Meu Deus!