Neste feriado católico, para os de fé e os ateus, estranhamente num estado que se proclama como laico, mas tomado no poder por uma nova seita religiosa que até quer ter seu ministro no Supremo Tribunal Federal, nada como providenciais observações deste dia chuvoso por aqui.
No dia dedicado à padroeira Nossa Senhora Aparecida, o Dia é das Crianças. E a melhor reflexão está estampada na charge de Benett, publicada no jornal Folha de S. Paulo e que a republico aqui. Ela exige a reflexão de todos nós sobre esta infância e adolescência perdidas, orquestradas, pasmem, pelos nossos governantes e políticos, inclusive os daqui. Tudo com o nosso cumplice silêncio.
Ontem, depois da massiva repercussão deste blog sobre o assunto, foi a vez do PT – que já foi três vezes governo em Gaspar – tirar uma lasquinha da “Família 15” de Kleber Edson Wan Dall e Carlos Roberto Pereira, no caso do “Vale Marmita“, ideia que se abortou às pressas na Câmara para evitar mais danos do que ela vinha causando espetacularmente – em pouquíssimo tempo – contra os vereadores, e especialmente os MDB e PP, na sociedade gasparense.
A nota de repúdio tinha endereço. Em um parágrafo, ao menos, ela foi direta ao ponto:
“Em atitude lamentável, diante da pressão popular, os vereadores Cléverson Ferreira dos Santos e Francisco Solano Anhaia não tiveram a coragem de sustentar suas opiniões, preferindo culpar o PT pela iniciativa do Projeto de Lei 83/2021 em suas redes sociais. É incompreensível que os vereadores tenham tentado responsabilizar o PT por um Projeto de autoria da própria mesa diretora da Câmara. Se Cléverson Ferreira dos Santos e Francisco Solano Anhaia não fossem favoráveis ao Projeto, simplesmente não o teriam apresentado, simples assim”.
É que o único vereador do PT, Dionísio Luiz Bertoldi, antecipou à discussão e diante do presidente Anhaia, afirmou com todas as letras ser contra a ideia e que negaria o voto ao Projeto de Lei. Anhaia, considerou isso uma traição ao espírito de corpo dos vereadores, e lascou a culpa publicamente – o vídeo eu postei ontem – no partido de Dionísio. Anhaia, errou no tiro, na dissimulação e no resultado.
“O PT entendeu que a constitucionalidade e legalidade do Projeto não era os pontos mais relevante neste caso específico. O mais importante era que independentemente de ser constitucional e legal, o Projeto era absolutamente imoral e vergonhoso”, acentuou à nota que aproveitou o elevador da oportunidade e lascou:
“O PT nunca se omitiu à verdade e assim continuará a fazer. Sempre será coerente ao que pensa e ao que defende. O mesmo não pode ser dito dos vereadores que faltaram com a verdade, especialmente do presidente da Câmara Municipal, Francisco Solano Anhaia (MDB), que mais uma vez demonstrou que não está à altura da função que exerce e que lhe falta o devido decoro parlamentar”.
O mais intrigante neste episódio revelador é como os partidos ficaram calados mesmo diante da forte reação popular. Tantos os que estão representados na Câmara, bem como aqueles que estão fora dessa representação.
Sérgio Almeida, PSL, ex-vereador, ex-candidato a prefeito, sindicalista, provocado, disse-me tratar-se de “uma vergonha”. “Agora arrumaram uma gambiarra a fim de darem aumento, apenas, repito, apenas aos nobres vereadores”.
Preocupante, entretanto, foi o silêncio neste episódio de Rodrigo Boeing Althoff, presidente do PL, segundo colocado na corrida a prefeitura no ano passado. O seu vereador, Alexsandro Burnier, defendendo a ideia, pulando que nem pipoca em frigideira no grupo do whatsapp.
Rodrigo só saiu da toca, quando já se havia uma convulsão e a decisão conhecida na cidade era de que tudo seria “sepultado”. Os partidos continuaram oficialmente alheios aos acontecimentos. Nem contra, nem a favor. Muito pelo contrário. É “pracabá”. O PT foi o único que oficializou a sua posição. E ontem! Antes tarde do que muito tarde. Acorda, Gaspar!