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A ERRÁTICA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL EM GASPAR

“Morador de rua não vota”; “estes andarilhos nem são daqui”; “é gente sem cura”; “é um modo de vida própria”; “devemos respeitar a vontade, o ir e vir das pessoas…”

Ouvi isso, e muitas outras barbaridades desse tipo na minha vida até aqui – e tem frase aí, que ouvi muito recentemente na Câmara sobre a necessidade de se tomar “providências” no âmbito da Assistência Social e até policial para o crescente problema que afeta muitas cidades e especialmente aqui em Gaspar, uma cidade dormitório e rota de passagem no Vale do Itajaí.

Bingo. Sabe o que aconteceu para os artigos que fiz do “lar” sob a ponte Hercílio Deecke bem no Centro?

Primeiro, a secretaria de Desassistência Social, tocada por um curioso, que a ganhou prêmio por não se eleger vereador pelo PP, Salésio Antônio da Conceição, não sabia do que se passava. Meu Deus!

Contudo, aposto que sabia. E não foi por aqui. Tem gente que jurou que avisou várias vezes aos cegos da secretaria. Só agiu depois que os artigos daqui, como de costume, viraram manchetes nas redes sociais e aplicativos de mensagens que os replicaram.

Segundo, ao invés de usar a sua estrutura organizacional supostamente complexa – ao menos deveria ser – para a abordagem social, cadastramento, convencimento e emergencialmente oferecer uma “casa de passagem” – que não existe -, preferiu a ação policial.

A polícia é o último recurso, quando na abordagem se detecta algo além da fragilidade do ambiente em que se está inserido o desabrigado.

Notoriamente, não é um caso de polícia, mas de política pública, séria, que não temos por aqui, não só no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, esclareça-se desde já. Entretanto, não se avançou.

Por outro lado, em favor da prefeitura e da secretaria aparelhada de indicações de políticos, deve-se dizer que a pandemia, mas principalmente a política econômica, desfavoreceu, a quem já estava fragilizado socialmente. E a rua se tornou um destino.

Não se trata de se apiedar, ou intimidar via ação policial, mas de remediar e de forma estruturada, com profissionais qualificados para esta finalidade. Tem custos? Há! Mas, ignorar uma realidade agravada pela conjuntura dramática pela qual estamos passando, só transforma o pequeno problema em mais complexo, mais caro e até mesmo, irreversível para a própria comunidade.

Pobre ou excluído é um problema de todos nós e não se trata de socialismo. Incluí-lo – o pobre ou o vulnerável na sociedade – torna o capitalismo mais rico, além de humanizá-lo.

Com os vulneráveis, aparece gente com problemas envolvidos em drogas, pequenos delitos, que compõem os quadros de constrangimentos, alerta e até de perigo. Se não há uma efetiva ação conhecida da secretaria de Assistência Social, como manter isso tudo sob conhecimento e estruturar ações, mesmo que de forma paliativa?

O que esperar se falha até na abordagem, se protegendo ou terceirizando para a polícia?

Para encerrar e concluir.

Entregar este caso à polícia, é reconhecer que se está quebrado – no conceito, na organização e na ação – e que a secretaria, apesar dos competentes profissionais que possui no seu quadro efetivo, está agindo na contramão de tudo o que se entende do “acolher” e incluir este cidadão e famílias minimamente na sociedade, para que nada se torne, de verdade, um caso de polícia. Acorda, Gaspar!

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