ESPANTO I
Na quinta-feira cedo deparo-me e aprovo um comentário da leitora e participante assídua deste blog, Odete Fantoni. Ela escreveu o seguinte:
Ontem à noite o vereador Melato soltou o verbo na sessão plenária da Câmara municipal e disse que irá me processar por DIVULGAR notícias falsas.
Será sobre o vale-marmita?
É falsa a informação que estava faltando paracetamol e remédio pra pressão arterial no posto do Bela Vista? Vereador Burnier, eu estou MENTINDO?
É falsa a informação do retorno aos cofres do município dos recursos empenhados na área da Saúde para a realização de exames, consultas, cirurgias e tratamentos agendados, mas não realizados pq o paciente não “compareceu”? Vereador Hostins, eu estou MENTINDO?
Será que o vereador Melato acha injusto eu criticar alguns membros da CASA pela farra nas mordomias palacianas e pela falta de transparência no uso do DINHEIRO do POVO?
Será falso o PL do Executivo municipal pra alugar uma frota incluindo OITO AUTOMÓVEIS DE LUXO? Vereador Bertoldi, eu estou MENTINDO?
Será falso os favorecimentos múltiplos aos amigos do governo e da mão pesada sobre os opositores partidários? Pergunta pro fiscal do meio ambiente. O dono da estamparia da Margem Esquerda que o diga…
É falsa a falta de conserto do telhado do CDI da MARINHA?
Será mentira que o parque Aquático infantil do Sertão Verde começou a desmanchar logo após ser inaugurado?
Qualquer que seja a razão do processo do vereador Melato contra a minha pessoa, é só buscar as provas nos arquivos da Casa.
ESPANTO II
Anoto. No final de semana quando fui ouvir a sessão da Câmara e estudar o comportamento dos vereadores naquela noite, o que eu temia se confirmou.
Não exatamente a coragem e a cara de pau do vereador José Hilário Melato, PP, para intimidar uma cidadã, eleitora, cobradora contumaz das incoerências de seus representantes no legislativo gasparense, mas o espaço que Melato usou para isso e com a prerrogativa específica que carrega consigo.
Petulância.
Não o fez como simples vereador calejado que é, o que já seria um exagero. Mas, como líder do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, pois a “ameaça” foi exatamente no “horário da liderança”, ou seja, em nome do governo. Impressionante. Um espanto!
ESPANTO III
Isto mostra quatro fatos sólidos:
1. Não há limites éticos para essa gente na prática da intimidação, constrangimento e humilhação mesmo contra os seus próprios eleitores e eleitoras;
2. Não admitem confrontação, ou simples fiscalização de seus representados no legislativo municipal, ou seja, da própria aldeia.
3. Deixam bem claro que do povo só querem votos e os pesados impostos, nada mais.
4. Que já estamos em campanha eleitoral. Para os políticos é mais fácil calar do que explicar e convencer o seus pontos de vistas divergentes. Sintomático.
Na campanha do ano passado houve uma prática de intimidação contra o pessoal da rede social e da imprensa não alinhada, mansa. E ela passou pela Delegacia de Polícia. Virou um meirinho de luxo. Fazia-se a queixa. Gerava a intimação e aí começava o processo do medo, da intimidação, do constrangimento, da humilhação. Coisa arquitetada.
Resumindo. Você era obrigado a comparecer à Delegacia sob pena de ser preso. Chegava lá, tinha que se explicar e dependendo do caso. O objetivo, na verdade era o um Termo Circunstanciado com dia e horário para ser ouvido pelo juízo criminal do Fórum da Comarca.
Mais constrangimento, atrapalhação na vida normal do cidadão e até despesas para a contratação de advogado para acompanhar o caso que se sabia não dar em nada.
E por quê? Amedrontar o cidadão era o objetivo. Pior: usava-se o aparelho estatal pelos políticos, nos seus interesses de poder, de intimidar, constranger e calar os críticos eleitores e eleitores. Pois se desconhece até agora os desfechos destes casos na área criminal.
Aliás, se tivessem um fim contrários aos autores, nada poderia se exigir na esfera Civil.
E em pelo menos um caso sabe-se desse intencional drible da vaca. Espertamente, o autor “esqueceu” de prosseguir o feito criminal, para ingressar com Ação Cível pedindo reparação pelo mesmo fato que denunciou no criminal e que “não quis ir adiante”.
“A esperteza quando é demais, como o dono”, dizia o ex-primeiro ministro do Brasil, o mineiro Tancredo de Almeida Neves.
Quando Melato, bem como outros vereadores de Gaspar e que agora estão incomodados com as cobranças, escolheram serem políticos e com mandatos populares, assumiram também o risco próprio de um ente púbico exposto. Agora não querem esse ônus? Devolvam os mandatos, os cargos públicos, e o mando nos partidos e nos destinos dos cidadãos e cidadãs.
Se questionada na Justiça, a leitora devia, de imediato anexar, o áudio e vídeo do discurso ameaçador de Melato. É a prova viva do permanente constrangimento contra o cidadão que antes de dava no silêncio dos gabinetes dos sabidos. Agora é na própria tribuna da Câmara.
Para espanto, Melato e o governo Kleber, pela voz do seu líder, em espaço reservado ao governo, advertiram da tribuna da Câmara para quem quiser ouvir, que esta prática vai voltar contra os supostos adversários, os que não estão com a pena e bocas alugadas e os que pedem explicações públicas. Meu Deus! E se essa não foi a real intenção, ainda há tempo para corrigi-la. Acorda, Gaspar!