Atualizado: 18 de nov. de 2021
Este artigo já estava pronto quando veio a notícia da morte da terceira vítima do atropelamento na BR-470, na Margem Esquerda, em Gaspar.
A manchete da semana passada foi esta: “Associação de Moradores organiza manifestação para cobrar passarela na BR-470, em Gaspar”. E por quê? Devido a esta outra fatídica notícia: “Atropelamento mata duas mulheres e fere gravemente um homem na Margem Esquerda”.
Estas cenas e notícias deste tipo vão se repetir, como também, infelizmente, as fotos de dois ou três políticos de Gaspar, bem vestidos, à beira da rodovia, isolados do povo sofrido, circulando pela mídia local – com mais destaque do que o acidente – e principalmente nas suas redes sociais, dizendo que só agora acordaram para o problema que não enxergaram por anos.
Atrasados prometem na costumeira demagógica discurseira em socorro ao povo eleitor deles exposto à morte. Meus Deus! E tem a cara de pau de dizer que primeiro veio o morador de lá, depois a rodovia e que ela deve se adaptar ao que estava lá, exatamente para escamotear a culpa dessa gente e no papel que lhe cabe e que falhou.
Antes de prosseguir, deveria estar lá não esses gatos pingados de vereadores, mas todos, incluindo o prefeito. É uma causa da cidade, e não apenas de um lado da cidade, ou de alguns. A Acig precisava estar lá, os clubes de serviços precisavam estar lá, a imprensa precisa estar lá não para registrar, e sim para ser um ator social da sua comunidade.
Retomo.
A duplicação da BR-470 se arrasta por anos. A densidade populacional e a implantação de negócios nas margens da rodovia, por crescimento natural, ou alavancado pela própria duplicação, ampliam-se a olhos vistos, desde o Distrito do Belchior, mas principalmente aqui na área mais central da Margem Esquerda, incluindo os mais periféricos Sertão Verde, as Casinhas de Plástico (esses com escape pela Luiz de Franzoi) e à entrada do Arraial do Ouro (que se vira parcialmente via o futuro viaduto da saída da Ponte do Vale).
Em um ambiente comunitário, adornado de políticos, pois eles são necessários e até porque são eleitos para legitimamente nos representar nesses casos, já deveria se ter constituído, e há muito, uma comissão permanente e suprapartidária, pensando, negociando e atazanando a vida do DNIT por passarelas e a marginal que isola negócios e pessoas.
E uma imprensa cidadã, deveria até ter abertos os olhos por uma permanente campanha de todos.
Mas, não! Todos divididos entre partidos e uma maioria de omissos. Então antes vem a morte. Antes vem a saudade. Antes vem o prejuízo. Antes vem a crítica, que ninguém a quer.
E não culpo apenas o atual governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e seus “çabios”, além dos PT de Pedro Celso Zuchi, Décio e Ana Paula Lima, que já “inauguraram” a duplicação com o conhecido comício do ginásio João dos Santos. Ou se esqueceram?
Culpo solidariamente à forma como a comunidade se deixa levar por esse tipo de gente e adia a solução dos problemas.
Político joga o jogo dos seus eleitores e eleitoras. E nas campanhas eleitorais, todos estão trocando a cada dois anos coisas miúdas e imediatas como asfalto no portão de casa, uma ajudinha aqui e acolá, e não estão pensando exatamente no futuro, no conjunto da comunidade, na proteção da vida de seus membros.
Agora, ela está exposta.
Acossados, os políticos estão respondendo. Mera figuração. E eles sabem disso. É tarde, mas nunca tarde para se começar. Antes, porém, é preciso união, plano e estar fechando a rodovia para que se mexam o mais rapidamente possível. Blá, blá, blá, na tribuna da Câmara, nas rádios, nas redes sociais é tão irresponsável quanto à omissão.
Quais são os laços dos nossos políticos com quem decide no DNIT uma reserva política do senador Jorginho Mello, PL? O que o governador Carlos Moisés da Silva, sem partido, pode fazer com a verba estadual que “doou” para o governo de Jair Messias Bolsonaro, sem partido, terminar a duplicação da BR-470, em Gaspar?
Chega de caravana de políticos – e agora de eleitores e eleitoras em turismo faceiro pago com dinheiro público – toda a semana a Florianópolis, com diárias do povo, e sem resultados práticos à comunidade.
Onde estão os deputados estaduais e federais que mais do que antes acionaram seus vereadores cabos eleitorais para a busca de votos à reeleição no ano que vem?
E por que desse cerco? Porque primeiro o DNIT vai entregar a duplicação sem a segurança para as pessoas moradoras, trabalhadoras e estudantes da região. E porque, afinal nada disso estava planejado. Porque a comunidade e os políticos não fizeram a parte deles, a tempo de modificar o projeto original de décadas passadas, onde a realidade dali era outra.
Os do passado e os do presente não olharam o futuro. E o futuro mostra prejuízos, medo e perigo, muito perigo. Simples assim. Acorda, Gaspar!