Deputado Júlio Garcia, PSD
Resumo antes do artigo em si em quatro parágrafos necessários.
O “comandante Moisés” foi o azarão e surpreendentemente na onda bolsonarista colocou no saco em outubro de 2018 todas as oligarquias, figurões e partidões da política catarinense.
Eleito, o jovem bombeiro militar, tenente coronel da reserva, Carlos Moisés da Silva, PSL, formou uma equipe desconhecida, distanciou-se do bolsonarismo radical – hoje está sem partido e com dificuldades para ter um – e se isolou na Casa d’Agronômica em cantorias com um reduzido grupo de amigos do Sul.
Perdedores surpreendido nas urnas tramaram a queda de Carlos Moisés no primeiro piscar de olhos de dúvidas. E ela veio na compra de respiradores caríssimos, pagos antecipados, que não chegaram e os que apareceram não respiravam para salvar os acometidos pela Covid-19. Dois impeachments e uma CPI. O comandante sobraria depois da tempestade.
Já o deputado Júlio Garcia, PSD, o nosso Arthur Lira, PP-AL, o que faz e acontece na Câmara Federal, meteu-se numa tempestade daquelas. Deu tudo errado ao que se arquitetou. Júlio o ex-chefe do vice-prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, PSD, foi alcançado pela Operação Alcatraz e Carlos Moisés, salvo dos dois impeachment, com uma CPI sem forças de conclusão depois disso.
Retomo.
Depois da lição dura, Carlos Moisés mudou. Saiu do seu mundinho. Entendeu que precisava colocar o pé na estrada e que não estava no quartel onde se dá ordens e hierarquicamente, mesmo não sendo boas ou não se gostando delas, se cumpre. E está saindo melhor que a encomenda. Já as oligarquias, figurões e partidões continuam inconformados, tramando e espetando como se tivessem lastro e razão para tal.
Parece que não aprenderam nada com o revés de 2018 e com os impeachments que tentaram contra Carlos Moisés.
O colunista Upiara Boschi, registrou Júlio Garcia no ato do lançamento do Plano 1000 SC no teatro do CIC, e plugou a entrevista que o deputado concedeu a Adelor Lessa, da Som Maior, de Criciúma. Reproduzo Upiara e comento em negrito.
O deputado estadual Júlio Garcia (Psd) chegou ao evento do Plano 1000 um pouco antes do governador Carlos Moisés e ouviu atentamente o que foi dito. Mas não saiu de lá com o discurso alinhado ao ufanismo dos governistas. Entrevistado por Adelor Lessa na Rádio Som Maior na manhã desta quarta-feira, chamou o programa de repasses de recursos aos municípios de “ideia engenhosa”, mas alertou que existe “ilusão” “quando se fala que vai se liberar n bilhões”. O pessedista destacou que o valor será pulverizado pelos próximos cinco anos e que depende da apresentação dos projetos e do próprio ritmo das obras para virar gasto efetivo. Vou destacar algumas frases:
“O Plano 1000 é uma ideia engenhosa do governo do Estado, que beneficia os municípios com valores proporcionais à sua população, de modo que é um plano interessante para os municípios. Há uma ilusão quanto aos recursos, quando se fala que vai se liberar n bilhões. Esse desembolso não é à vista, é um desembolso a longo prazo. São cinco anos de desembolso, liberações de 20% ao ano daquele valor estabelecido proporcionalmente de acordo com o número de habitantes.”
Júlio Garcia, sobre uma ilusão.
“Há uma ilusão também em relação a esse desembolso e em relação a todos esses recursos que antes não existiam a agora existem. Na Serra do Faxinal foi lançada a obra de R$ 100 milhões. Não houve desembolso de nenhum centavo até aqui. A licitação deu deserta e o desembolso só vai se dar à medida que a licitação for realizada, dada ordem de serviço, mobilização, realização da obra, medição e pagamento da primeira medição. Esse dinheiro é a longo prazo. É preciso que fique claro para não se imaginar que o governo vai dar distribuindo cheques a rodo.” Júlio Garcia, sobre outra ilusão.
Mais do que apontar as contradições sobre os prometidos R$ 7,3 bilhões para os municípios, Júlio Garcia também diminuiu os méritos do governo Carlos Moisés em relação ao momento exuberante do caixa do Estado. Apresentou cinco fatores para explicar o volume de recursos que abundam no tesouro catarinense e nenhum deles têm relação com as economias alardeadas pelo governador em corte de contratos e melhorias na gestão. Vou listar o que disse Júlio Garcia.
- “Foram dois anos de governo praticamente estagnado. Não gastando, é evidente que sobra recurso.” Minha observação. Júlio Garcia diz textualmente que se Carlos Moisés não fez nada em dois anos, também não jogou fora o dinheiro dos contribuintes catarinenses, como era sempre um questionamento anterior e na própria tribuna da Alesc. Um avanço
- “Vieram recursos do governo federal para compensar a queda de arrecadação (na pandemia) e, além dos recursos que vieram, a arrecadação subiu e subiu bastante em Santa Catarina. O agronegócio manteve praticamente a arrecadação em alta em todo esse período.” Minha observação. Novamente Júlio Garcia diz textualmente que Carlos Moisés foi racional no uso dos recursos que arrecadou e dos que recebeu do governo Central num programa emergencial que abrangeu todos os entes da federação. Isto é um pecado? Queria mais um erro para outra CPI ou eventual impeachment? É isto?
- “A lei 173 proibiu qualquer aumento de servidores públicos. Houve também uma estagnação nos recursos.” Minha observação. Novamente Júlio Garcia diz textualmente que Carlos Moisés cumpriu a lei e ao mesmo tempo foi prudente com a incerteza da pandemia sobre a economia catarinense. Agora, com as contas estabilizadas, com cenários mais claros, o governador está distribuindo os recursos entesourados para municípios e está concedendo reajustes e aumentos seletivos para os servidores, fato que está provocando controvérsias corporativas e salutares debates na Alesc. Não deveria distribuir aos municípios, aos cidadãos e cidadãs porque isto às vésperas de um ano eleitoral dá discurso ao governador? Não é assim que todos fizeram até aqui?
- “empréstimos que o governo desembolsa anualmente R$ 1 bilhão foram postergados por dois anos. Esse dinheiro sobra no caixa.” Minha observação. Júlio Garcia textualmente mais uma vez, afirma que Carlos Moises guardou bem os recursos dos catarinense. Isso é ruim? Júlio Garcia fala de R$2 bilhões e que é bem menos do que os R$7,3 bilhões anunciados por Carlos Moisés.
- “Vieram também recursos na pandemia para a área de saúde. Tudo isso fez com que o governo tivesse uma situação financeira como nunca na história recente de 30 anos no nosso Estado”. Júlio Garcia, ignorando os cortes no cafezinho e no contrato de compra de oxigênio. Minha observação. Essa gente já levou uma surra nas urnas porque não acreditava nas evidências de uma eleição contra o comportamento descomprometidos dos políticos tradicionais. Essa gente já tentou um golpe e o destino mais uma vez o contra-golpeou. E pelo jeito não se aprendeu nada, muito menos se quer mudar diante de eleitores e eleitoras com outros tipos de exigências dos políticos. Essa gente resiste à atualização do discurso, narrativa e ações.
Costeando o alambrado
Nos últimos meses, Júlio Garcia vinha evitando entrevistas – mesmo após o Superior Tribunal de Justiça (Stf) anular as provas colhidas pela Operação Alcatraz, livrando o parlamentar do inquérito em que era réu. O retorno do pessedista ao microfone com uma fala longe do governismo foi lida como um sinal de desembarque próximo do Psd em relação ao governo. Resta saber como fica a situação de Eron Giordani, ex-braço-direito de Júlio Garcia.