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GASPAR PERDE UM RARO TÉCNICO DE VISÃO. MAS, NA POLÍTICA MAURÍLIO DETONOU O RESULTADO DA SUA TEORIA

Uma foto dos irmãos Schmitt em 2014, no aniversário de Bebeto (o segundo da esquerda para a direita). Numa nova foto já estarão ausentes Maurílio, 70 anos o primeiro à esquerda, e sua irmã Viviana Maria Schmitt dos Santos, 57 anos (a quinta da esquerda para a direita), morta no dia 20 de abril devido à Covid

O engenheiro Maurílio Schmitt – falecido hoje dia 30 – tinha duas virtudes sob a minha ótica particular: a de ser um técnico crítico na área de planejamento urbano e mesorregional daquilo que emperrava à sua cidade Gaspar como promessa de futuro, e o coração que acolheu o irmão, Adilson Luiz Schmitt, nascido no MDB e hoje sem partido, para ser médico veterinário e mais tarde prefeito da mesma Gaspar.

Antes de escrever sobre a sua trajetória acadêmica, profissional e comunitária – que está abaixo – eu vou destacar um ponto apenas nesta hora de dor familiar, naquilo que foi público, dos embates e diferenças entre os sonhos, à realidade e à nossa relação, nem sempre muito tranquila.

Não vou escrever sobre as nossas divergências rotineiras e muito menos naquilo que éramos convergentes, o qual os leitores e leitoras conhecem por meio das minhas publicações.

Foi um jogo que durou quase 40 anos. Isto ficou patente em vários comentários e “reprimendas” privadas que ele me passou, nos públicos que eu os publiquei como contraponto dos meus meus comentários, bem como nos áudios privados que me mandou, um deles muito recentemente, já com a voz embargada pela doença e os remédios fortes que tomava.

Maurílio estava atento, continuava crítico e lúcido tecnicamente, apesar das limitações cada vez mais sérias.

E vou usar apenas um ponto específico do governo do ex-prefeito, o educador e católico fervoroso, Francisco Hostins, PDC, egresso do PDS, hoje PP, onde Hostins foi vereador. Vou falar do ponto de interferência decisiva de Maurílio. Ela fez a Gaspar que avançava regredir e chegar onde estamos.

Hostins é lembrado sempre no imaginário e principalmente das pessoas que não viveram à sua administração, como o prefeito que tirou Gaspar do buraco deixado por várias gestões, mas a especificamente de Tarcísio Deschamps e Luiz Carlos Spengler ambos do PDS, hoje PP.

Hostins – que todos o tinham como limitado, até então – a reergueu.

E isso só foi possível porque Hostins se deixou levar por técnicos nos dois primeiros anos de seu governo, quase todos cedidos pela então Ceval Agroindustrial, exatamente para atacar à vulnerabilidade de gestão e resultados. Era um “comitê de guerra”.

Hostins foi o que olhou para o Belchior como uma parte de Gaspar – o Belchior Unido – não como um mote de campanha vencedora, nem como um apêndice longínquo, cobrador de soluções para os crônicos problemas de lá. Deu soluções.

Mas, Hostins, no fundo, não foi eleito por num movimento político autêntico ou com raízes gasparenses. Foi uma das primeiras experiências da razão e do marketing político. Foi pensado como se a prefeitura fosse uma empresa. A vitória dele também deixou derrotados os donos da cidade, incluindo os inimigos entre si e que alimentavam as disputas até então o PDS e MDB, sucessores da rivalidade nascida com a UDN e PSD.

Há o pragmatismo político e o pragmatismo administrativo. E eles não se combinam, a não ser aos sonhadores.

Dessa forma, o PDS porque se sentiu traído por Hostins que para viabilizar a sua candidatura – jamais prevista no seu partido – migrou para o PDC de Francisco Mastella; depois como candidato, Hostins usou o discurso da terra arrasada pelo PDS, seu ex-partido.

E na outra ponta, estava o alijado MDB e liderado pelo ex-prefeito Osvaldo Schneider, o Paca bem como, o eterno candidato. o empresário Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho.

Com a cidade reerguida pelos técnicos e austeridade empreendida por eles, sem os cuidados sobre os descontentes donos da política gasparense e do MDB e PDS, foi a vez dos políticos encontrarem um deslize dos técnicos. E encontraram. Já tinham ensaiado contra o vice Mario Siementiscoski. Então, o grupo no poder de plantão já estava avisado, mas…

E amaldiçoado no PSD de onde veio e não era o candidato da vez, Hostins não teve dúvidas em cair na cantilena fácil de recompensas e nos braços de Paca, um adversário.

Tudo com a ajuda essencial de Maurílio, o secretário de Obras de Hostins. Maurílio tinha uma relação profissional com Paca nas obras que este fazia para a Hering, em Blumenau, a dona da Ceval e do projeto de uma Gaspar exemplar com Hostins.

Não vou me esticar na história até porque sou parte dela e já contei trechos dela aqui outras tantas vezes. Mas, o castigo a Hostins veio a cavalo, como dito no ditado, sem querer diminuir o erro administrativo e ético de um membro da equipe de governo de Hostins e indicado pela Ceval.

Esse movimento de Hostins de voltar ao ponto zero, o da politicagem, e ainda nos braços do MDB e do Paca, custou caro ao PSD. Ele não viu desde então e até hoje, mais ninguém originário do partido ser eleito prefeito por aqui.

Assistiu à improvável nova eleição de Luiz Fernando Poli, PFL, mas nascido no MDB, ao poder e pasmem, com a ajuda do PDC que elegeu Hostins; testemunhou o enfraquecimento completo do “ícone administrativo” chamado Francisco Hostins, e finalmente contribuiu com a eleição de Nadinho, o único a não completar o mandato até hoje em Gaspar, por coisas que não vou relembrar.

E se isso não fosse pouco, essa volta ao passado provocada pelo MDB, com Hostins, Poli, e Nadinho retroalimentou – sem redes sociais, mas sindicatos têxteis ativos e influentes – à revolta de todos.

E eis que do improvável surge do PT, com Pedro Celso Zuchi, gasparense, originário da Petrobrás. Era a onda amarela de Blumenau. E com ela veio o atraso político e administrativo. O PP e o MDB não tiveram outra alternativa a não se se unirem naquilo que era muito, mas muito improvável. Tudo para derrubar o PT. E conseguiram.

Hoje o PP por sobrevivência, está unido ao MDB, coincidentemente iniciado na campanha vitoriosa de Adilson Luiz Schmitt e Clarindo Fantoni, tendo o irmão Maurílio como coordenador e depois secretário de Planejamento, e um dos prefeito de fato daquela gestão cheia de contratempos e que permitiu a retomada do poder pelo PT por dois mandatos seguidos.

A outra influência foi a ex-mulher de Adilson, filha de Paca. Ou seja, uma história repetida ao tempo de Hostins e no presente.

Tudo isso para dizer, que Maurílio, por linhas próprias teve influência direta naquilo que foi a grande virada de Gaspar com Hostins para o futuro e também fiador do retrocesso quando Hostins renegou àquilo que lhe dava fama e rótulo de administrador exemplar e à frente de seu tempo.

Tudo porque os não políticos lhes deram uma equipe – incluindo o Maurílio – e que Hostins, no fundo, não pode escolher, o que lhe deixava irritado quando cobrado matreira e propositadamente por seus adversários, e de forma indireta para constrangê-lo, via a sua família (mulher).

Quando cobrado por mim sobre tudo isso, Maurílio evitava e desconversava: “isso é passado, Herculano. Ninguém consegue antecipar todas as consequências…”. Será?

QUEM FOI MAURÍLIO

Maurílio Schmitt foi simplesmente foi o primeiro Engenheiro Civil nascido em Gaspar. Foi o que concebeu o primeiro e único Plano Diretor da cidade. Foi secretário de Obras, e secretário de Planejamento em dois tempos distintos. E teve seu nome levado em conta para ser candidato a prefeito.

Nascido no dia 13 de setembro de 1951 era o primogênito de Boaventura José e Maria Malvina Soares Schmitt. Estudou no Honório Miranda, em Gaspar, no Colégio Santo Antônio em Blumenau e se graduou em 1974 na Universidade Federal de Santa Catarina. Era engenheiro de segurança e administrador de empresas formado pela Furb.

Foi estagiário na Egon Stein, em Blumenau e em 1976 se tornou um dos engenheiros das multiplas construções de fábricas e dependências Cia Hering, de Blumenau. Administrou a fazenda de gado da Hering, na Ilhota, e teve suas empresas na área de engenharia e construções, a VH e Nova Terra. Era consultor.

Além de secretário de Obras de Hostins, Maurílio foi secretário de Planejamento de Adilson, mas uma lei criada por Adilson contra o nepotismo, o tirou da função. Enquanto esteve a frente da pasta, Maurílio foi o autor e liderou o processo do primeiro e único até agora Plano Diretor de Gaspar elaborado por técnicos da Furb.

O Plano Diretor está vencido e os políticos de hoje não se interessam por atualizá-lo mesmo contra disposição de lei expressa. Estão remendando aos interesses e necessidades. Coisas de políticos. Por que dar solução, se o caos gera controles de interesses e que produzem votos?

Maurílio foi o gestor do Centro Empresarial da Associação Comercial e Industrial de Blumenau e que fica no bairro Vorstadt. Desde 2017 estava aposentado e afastado, lidando com a doença, um câncer prostático.

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