Da esquerda para a direita: o ex-prefeito Zuchi que inventou a intervenção do Hospital de Gaspar, o prefeito Kleber que a tornou incontrolável, e o atual presidente do Conselho, Jorge
Atualizado e ampliado às 9h21min. Por quê os políticos de HOJE em Gaspar – quase todos jovens – não transformam a intervenção marota em municipalização do Hospital de Gaspar?
A primeira resposta, com toda certeza, é porque ele teria mais vigilância e controle financeiro e contábil.
A segunda resposta e que é travestida de desculpa esfarrapada, é de que, é algo muito burocrático, pois e se trata de uma entidade filantrópica sem fins lucrativos, entranhada numa legislação arcaica e que dificulta essa passagem.
Ou seja, esses jovens políticos, gestores públicos e “çábios” que sabem o que fazem, já exalam falta de liderança e competência para o salto de qualidade e transformação à sua comunidade. Resumindo: já sabem onde pisam e precisam do lamaçal para se estabelecer na confusão.
A terceira resposta relaciona-se às duas anteriores, e que me parece mais razoável: é que para essa gente interessa o caos. E dele, culpar os outros políticos, o passado e pasmem o povo, o sofrido, o pagador de pesados impostos por ficar doente. É mais fácil e ÚTIL.
Padece-se na esperança de que tudo um dia vá melhorar. Acredita-se nas promessas de campanhas, discursos, entrevistas sem perguntas e marquetagem. Mas, mesmo assim, eles escondem de fato os motivos, as intenções e incompetência administrativa para resultados coletivos.
O Hospital foi ideia e obra do maior empreendedor social que Gaspar já conheceu até hoje, o frade franciscano e alemão Frei Godofredo (Sievert -1902/92). Mas, os políticos em disputa pelo poder e na gestão da próprio Hospital, estapearam-se pela maioria no Conselho – o “dono” do Hospital -, de algo que sempre ia cada vez mais mal das pernas. Resultado: os que se dizem cristãos preferiram destruir o legado misericordioso de Frei Godofredo. Triste história.
Até que no dia 27 de maio de 2014, com o Hospital todo reformadinho por iniciativa e gestão de um grupo de gaspaparenses liderado pela ACIG, CDL e Ampe, ex-prefeito de Gaspar, Pedro Celso Zuchi, PT, assinou o fatídico decreto nº 5.955 da intervenção. É ele, que sob a roupagem da redenção e salvação, levou o Hospital ao caos ao que estamos presenciando hoje.
Zuchi “requisitou” tudo, incluindo como assinalava o decreto: “toda a construção, instalações físicas, instalações do laboratório, equipamentos médicos/cirúrgicos e de exames, recursos humanos e demais equipamentos, objetos e itens que façam parte do regular e efetivo funcionamento do Hospital para o atendimento dos que dele necessitam“.
Instalou uma comissão interventora de confiança e notáveis do PT, incluindo a comunicação onde o PT flutua muito bem, para em nome do povo e da administração dele “colocar a casa em ordem”. E para isso anunciou a contratação de uma auditoria para verificar a real situação da entidade hospitalar. Até hoje, nada veio a público.
E pior: já no tempo de Zuchi – o pai da intervenção para saneá-lo – e até agora com Kleber, os repasses só aumentaram e o Hospital se tornou um ente endividado, questionado e de nula imagem na efetividade.
Então quando os petistas usam as minhas publicações para arrumar outros culpados políticos para a ruína do sistema público municipal de saúde destes últimos meses, eles escondem que foram eles próprios que iniciaram esta estúpida derrocada.
Zuchi e os petistas não pensaram no futuro. Não pensaram que um dia poderiam sair da prefeitura, como saíram e seus sucessores destrambelhar tudo contra o Hospital, a cidade, os cidadãos e as cidadãs.
Quando hoje o único vereador de oposição a Kleber na Câmara, Dionísio Luiz Bertoldi, PT, aparece no Hospital para “fiscalizá-lo”, faz tarde e erradamente. Pois cheira revanchismo e oportunismo político-eleitoral, mesmo que não seja.
Porque Kleber e sua turma de “çábios”, sem respostas ao caos em que meteram o Hospital, para imediatamente encontrar outros culpados, ainda se alimentam à fantasiosa disso tudo ser algo de quem supostamente lhes perseguem.
E no marketing do oportunismo, os que estão diante do caos, espalham nos discursos de bares e postagens nas redes sociais essa bobagem torta perante a cidade, ao invés de arregaçar as mangas, esclarecer e reverter o quadro caótico em que estão metidos.
“É coisa da oposição”, dizem, como se fosse possível, movimentar centenas de pessoas “fantasiadas” de doentes para encher o Pronto Socorro do Hospital por dias seguidos, para criar falsa demanda, para permitir fotos e vídeos de cenas chocantes, só para abalar a imagem intocável do governo de Kleber.
Outra. Verdadeiramente qual a oposição organizada, atuante e respeitada que temos em Gaspar? Se há, estão todos entocados e até mesmo com medo das costumeiras represálias ou prejuízos. Nem imprensa há.
Inacreditável que o governo de plantão hoje em dia alimente isso e tenha gente em Gaspar que espalhe na defesa de Kleber e outras tantas que acredita nisso, só porque um vereador da oposição apareceu por lá e postou uma realidade na sua rede social, sem, ressalte-se, dar a solução definitiva ao caos.
Primeiro: Dionísio sabe como tudo isso começou no Hospital contra os cidadãos e cidadãs.
Segundo, ele sabe o que move à razão dos problemas, os quais ficaram fora de controle, se exorbitaram e não aponta o enfrentamento.
Mesmo que supostamente não soubesse, por quatro sessões seguidas, o vereador da própria base de Kleber, Amauri Bornhausen, PDT, desenhou esta terra arrasada; Dionísio apenas assistiu.
Terceiro, essa tal fiscalização “in loco” só poderia ter sido feita por um vereador se o Hospital tivesse já sido municipalizado. Como não está, o caminho seria “uma visita” e requerimentos, esperando impacientemente respostas por meses, como vez o Amauri e deixou Kleber, o sistema público de Saúde e o Hospital nús.
É PRECISO MUNICIPALIZAR
E é aí neste ponto que me lembro do ex-procurador do município de Gaspar, ao tempo do prefeito Adilson Luiz Schmitt, eleito no MDB, hoje sem partido, o sacrificado nesta história toda.
É que na narrativa do PT gasparense e de Zuchi para enganar os eleitores e eleitoras para vencer com mais facilidade aquela eleição que já estava ganha diante das circunstâncias criadas pelo seu titular, foi Adilson quem teria fechado o Hospital. Errado. Na verdade, e eu estava lá no episódio, foi o Conselho do Hospital, exatamente por falta de condições físicas, técnicas e financeiras, fato que também permitiu à sua reconstrução fisica do prédio e instalações pelo grupo liderado pela ACIG, CDL e Ampe.
Volto.
Para o advogado Aurélio Marcos de Souza, que também é pós graduado em Gestão Pública, a municipalização, eliminaria, ou colocaria às claras e sob controle as distorções como as apresentadas ontem aqui em FOI DINHEIRO AOS MONTES PARA O HOSPITAL DE GASPAR. FALTOU PRIORIDADE, GESTÃO E RESULTADOS À CIDADE.
Para Aurélio Marcos, a municipalização traria o Tribunal de Contas tanto do Estado como o Federal, bem como outros órgãos de fiscalização e controles, para dentro do Hospital.
Como no Orçamento municipal à atividade do Hospital estaria rubricada nele, o Hospital não ficaria refém das políticas dotações orçamentárias, as quais chegam à Câmara, via Fundo Municipal de Saúde, sempre com características emergenciais, sem a análise mais acurada e antecipada pela Câmara, ou debate nas prioridade por entes da sociedade organizada, como o Conselho Municipal de Saúde – aliás o que ele tem a ver com isso tudo?
E o prefeito teria responsabilidade administrativa direta por todos os defeitos de gestão.
Ah, mas fazer isso – de municipalizar – dá trabalho? Obviamente que dá. E é aí que está exatamente o desafio, a superação, a mudança.
Há impedimentos legais? Há! Mas, também há caminhos para vencê-los em nome de um bem maior: a comunidade e os vulneráveis.
Ora, se os políticos para um time de futebol que recebeu verbas estaduais é vendido contra expressa proibição da lei e dos seus estatutos, porque um Hospital, em agonia, não pode se viabilizar, na transparência e no debate público, para servir a uma sociedade, e aos mais vulneráveis?
Há esqueletos? Há! Mas, qual é a dificuldades de enfrentá-los? O que querem esconder do passado e do presente? Quem querem proteger?
Já está mais do que na hora do ajuste de contas em favor da cidade e do seu futuro, para se ter um Hospital saudável e de referência, integrado e complementar a um modelo referência no país que é o de Blumenau.
Por quê tudo isso está e continua nas mãos de políticos?
Por que eles insistem naquilo que lhes desgastam, ou os alimentam na briga entre eles pelo poder?
O Zé Pequeno é quem paga esta cara conta com a sua dor, doença, falta de humanidade e até falta de esperança. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
O prefeito Kleber Wan Dall, MDB, não sabia dos números que apresentei ontem? Se ele insistir nesta falácia, corre sério risco de jogar no lixo o seu diploma de prefeito reeleito. E por quê?
É obrigação dele, dominá-los e cuidar, todos os dias, desses números. E de posse deles, tomar decisões para a sua administração, as pessoas e a cidade. Não eu!
E se isso não fosse pouco, o seu ex-chefe de gabinete e agora secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, o irmão evangélico de mesma denominação e templo, Jorge Luiz Prucinio Pereira, presidente do PSDB, o que é escolha sua pessoal, é o atual presidente do Conselho do Hospital.
Mais. A secretária de Saúde, a leitora de versículos bíblicos e textos motivacionais nas redes sociais, Silvania Jonoelo dos Santos, é muito próximo da esposa de Kleber, a Leila.
Silvania devia ter esses números de cor e salteado para debatê-los com o prefeito para que ele pudesse agir contra o que conspira contra à sua imagem de administrador e de político à “frente do seu tempo”, que tenta colar nos eleitores e eleitoras pela marketagem maciça que patrocina.
A coisa é tão distante, que até ontem, a secretária não tinha entrado neste circuito para apagar o fogaréu que se alastrava pela cidade e mostrar a sua autoridade, salvar o seu padrinho político daquilo que ela piorou no último ano. Achou que com isso, deixava o problema restrito ao Hospital. Incrível!
O colapso, na verdade, como mostrei na quarta e quinta-feira aqui é do sistema público de saúde de Gaspar, onde o Pronto Socorro do Hospital foi transformado em uma grande UPA, em estado de guerra.
Até Ilhota, o secretário foi às redes sociais orientar e dizer o que estava emergencialmente fazendo para mitigar o surto de gripe e Covid no município. Aqui, todos escondidos, ou de férias, ou postando vídeos em suas viagens pelo litoral sobre a Bela e Santa Catarina. Meu Deus!
Aqui nem protocolos a própria Saúde segue, ou cobra nos seus ambientes. Ontem, foi fácil ver na Policlínica gente aglomerada e sem máscara facial, em ambiente fechado, esperando para receber a vacina contra a Covid-19. Então…
E para encerrar por hoje este artigo, pois terá mais na semana que vem. Você sabe quais as razões que levaram o ex-prefeito Zuchi decretar a intervenção do Hospital de Gaspar em 2010?
“A impossibilidade legal de firmar o convênio entre Prefeitura e Hospital que poderia fazer com que a entidade deixasse de prestar atendimento à população, uma vez que o mesmo não dispunha de recursos suficientes para atendimento à população”
Ou seja, até 2010 isso possível, não era ilegal. Zuchi resolveu descobrir a roda. Qual outra desculpa de amarelo dada oficialmente à época? “A existência da inadimplência do Hospital perante seus compromissos de execução de serviços e repasses financeiros”.
Pois é. Desde 2010, com a intervenção nada disso se resolveu. A dívida do Hospital, pelo contrário só cresceu e absurdamente. É tida como impagável. E se não interromper este ciclo num ambiente que não tem dono conhecido, vai falir, vai fechar.
E quem vai pagar se o Hospital não tem “donos”? Os membros do Conselho? O patrimônio, se pudesse ser alienado, já não cobriria. A maioria dos equipamento já está penhorado…
Então, a sociedade como um ente prejudicado, precisa reagir.
Os políticos são passageiros e não se preocupam com o futuro do Hospital. Político não tem futuro, tem eleições a cada dois anos onde é candidato ou cabo eleitoral para garantir empregos. E discursos de ocasião para emocionar os seus eleitores e eleitoras. Um dia, o Hospital já não poderá ser um deles.
O que mais fajutamente Zuchi e o PT alegaram à época para intervir no Hospital?
“O Hospital vem enfrentando crises financeiras, que se refletem ciclicamente, ocasionando ameaças constantes de desatendimento à população; o atendimento à população encontra-se gravemente prejudicado, inclusive com a iminência de saturação da capacidade dos demais hospitais da região; cabe ao órgão gestor da saúde pública do Município adotar as medidas para organização do fluxo das pessoas a serem atendidas”.
Por que é fajuto, é narrativa, é jogo de cena com o passado e o presente?
Nem Zuchi resolveu com a intervenção marota o que ele apontou de erro e perigo, também não os corrigiu, muito menos Kleber.
Aliás, como mostram os números atuais, só se ampliou significativamente o problema contra a população, a menos favorecida e que depende dos postinhos, da policlínica e do Pronto Socorro do Hospital. É um saco sem fundo, sem retorno, sem qualidade.
Está mais do que na hora do ex-prefeito Zuchi, agora pré-candidato a deputado estadual se redimir como político do seu erro, completar o “serviço” iniciado e entregar o Hospital ao povo municipalizado, antes que outro político cara-de-pau o faça.
Zuchi deveria empunhar a bandeira da municipalização do Hospital. Mas, de verdade. Não como um bravata de campanha muito comuns neste tempo eleitorais e de disputa aparentemente polarizada.
Chega de intervenção política, de sucateamento físico e de imagem do Hospital. É preciso municipalizá-lo no controle e se ter o domínio financeiro, técnico e de resultados para a sociedade. Acorda, Gaspar!